PyLadies & Django Girls: do medo ao incentivo

- 6 mins

Na época que fazia faculdade gostava de mexer com HTML e CSS até que eu cheguei a estagiar como Front-End. Chegou um momento do estágio que eu não me via naquilo e queria entrar na área de Banco de dados e Big Data. Como eu gostava de ler sobre o tema de Big Data ouvia falar sobre as linguagens Python e Java. Porém tinha dificuldade em programar e achava difícil, só queria entrar em Banco de Dados e Big Data porque não iria programar. (Sabe de nada, inocente).

Foi aí que eu decidi a procurar vagas de Banco de Dados e até que comecei a trabalhar com desenvolvimento de software com a linguagem VB.net e SQL Server. Tive medo de ser demitida nos primeiros meses por não saber a programar, achava que precisava documentar tudo e fiquei surpresa por terem me colocado em um projeto em menos de 3 meses. Corri atrás de cursos de orientação a objetos para entender melhor o código.

Consegui me formar na faculdade e uns meses depois comecei a estudar uma nova linguagem: Ruby On Rails. Ainda acho a linguagem bem legal, naquela época estava empolgada com o mundo novo, mesmo tendo estagiado como Front-end, eu estava aprendendo termos novos de Back-end e ferramentas novas!

Grupo de estudos de Ruby on Rails

Grupo de estudos de Ruby on Rails

Comecei a procurar mais sobre a comunidade de Ruby. Acabei caindo num evento que seria no final do mês de novembro (de 2015), porém tinha que me inscrever e já estavam encerradas as inscrições :( . Fiquei chateada por não ter pesquisado antes e por não poder participar do evento. Continuei a pesquisar pela internet e por coincidência ia ter no mesmo dia o evento de Ruby um curso de Python! Fiz logo a minha inscrição para participar do curso básico de Python. E foi assim que eu conheci o PyLadies São Paulo ❤. Uhuuul, iria fazer um curso de Python, mais uma linguagem que eu iria conhecer. Estava empolgada para o dia, mesmo tendo que acordar cedo em um sábado de manhã e ficar o dia todo codando.

gatinho codando

No dia do curso entrei tímida na sala, sentei ao lado de uma moça e fiquei na minha. Durante o exercícios propostos, percebia que a moça tinha um pouco de dificuldade e como já tinha uma noção de programação por conta do trabalho, passei a ajudá-la com a sintaxe que eu também desconhecia. Ainda lembro do que eu senti quando comecei a reparar nas pessoas que estavam ao meu redor, nas pessoas que estavam participando do curso, nas que estavam ajudando na monitoria e nas que organizaram tudo aquilo. Senti uma sensação tão boa que eu queria também fazer parte daquilo e poder ajudar com o pouco do que eu sabia e fazer trabalho voluntário.

No final do curso cheguei pra Pat e perguntei como fazia para ser monitora do próximo curso. A moça que eu ajudei ouviu o meu comentário e acabou por me elogiar. Coincidentemente ela conhecia a Alini que havia ministrado a aula.

Curso iniciante de Python pelo PyLadies São Paulo

Curso Iniciante de Python pelo PyLadies São Paulo

No primeiro curso do ano de 2016 fui umas das monitoras. Acabei conhecendo outras monitoras que também foram alunas. Nem parecia que era a primeira vez que nos encontrávamos, parecia que nos conhecíamos há muito tempo. Ser monitora me ensinou que o pouco que eu sei pode ser muito para quem não sabe e de não ter vergonha de falar eu também não sei, vamos pesquisar?

As monitoras - Alini, eu, Carol, Ariadyne, Élida, Pat

As monitoras (Alini, eu, Carol, Ariadyne, Élida, Pat)

Para o curso seguinte brinquei que poderia dar a aula, pois tinha gostado muito de ter sido monitora, e as meninas da organização levaram a sério, rs. Então elas me chamaram para dar o segundo curso de iniciante. Aceitei na hora! Foi a minha primeira experiência em lecionar para um monte de gente! É claro que fiquei nervosa e ansiosa no dia anterior, fiquei treinando os slides e pensando no modo que eu poderia explicar, com receio de falar algo errado ou das meninas não entenderem nada do que eu estava falando, ainda mais quando eu via que elas olhavam com uma cara de interrogação para a tela. Daí foi chegar junto e ver se a menina estava concentrada ou realmente com dúvida, nem sempre elas falam que não estão entendendo.

Beatriz ensinando

Nunca pensei que pudesse ensinar tantas pessoas juntas dentro de um única sala de aula. No término da aula saí super feliz com a sensação de um dever cumprido e de quebrar uma barreira: falar em público.

Fazer parte do PyLadies não é apenas aprender, ensinar e conversar sobre Python. É também conhecer outras meninas incríveis que se interessam em programação e poder falar sobre qualquer assunto! É uma irmandade ❤

Amigas no meetup

Eliete, Roberta, Carol, Duda, eu, Alini

Em umas das conversas com a Alini sobre frameworks, comentei que poderia ter um Django Girls em São Paulo e ela dizia: ‘Por que você não tenta organizar ? ‘, daí eu ficava pensativa por não conhecer o framework e nem saber mexer com Django. Eu estava tão envolvida com a comunidade Python que eu decidi sair da minha zona de conforto e comecei a procurar vagas de Python. Pouco tempo depois fui contratada para trabalhar com Django!

Olhar para o ano de 2016 e perceber o que eu fiz na comunidade me permitiu muitas experiências novas: palestrei na TDC (The Developer Conference) e no RoadSec, fui para a Python Brasil em Florianópolis, participei do Django Girls Rio de Janeiro para trazer o Django Girls para São Paulo e conheci pessoas incríveis nesse tempo.

Palestra na The Developer Conferece

Palestra na The Developer Conferece

PyLadies São Paulo, Campinas e São Carlos na RoadSec

PyLadies São Paulo, Campinas e São Carlos na RoadSec

PyLadies São Paulo na Python Brasil

PyLadies São Paulo na Python Brasil

Hoje sou uma das organizadoras do Django Girls São Paulo e a quantidade de inscrições que recebemos ( 369 inscrições!!) para o primeiro workshop não imaginava que o evento tomaria essa proporção. Não foi fácil selecionar as participantes, os treinadores e correr atrás de patrocínios. Não tenho palavras que descrevem o quão gratificante foi ver as meninas saindo com o sorriso no rosto, incentivadas a investir na área, comemorando a cada acerto e cada dificuldade superada. O primeiro Django Girls São Paulo me mostrou que eu sou capaz de ajudar e transformar a vida de outras pessoas com um simples ato.

Primeiro Django Girls São Paulo

#1 Django Girls São Paulo ❤

Um pouco mais de um ano, fui de aluna para a co-organização do PyLadies São Paulo e Django Girls São Paulo, esse texto é para contar um pouco da minha trajetória na programação e na comunidade Python. Também é a forma que encontrei para agradecer à coordenação do PyLadies e do Django Girls por terem acreditado em mim e no meu trabalho dentro da comunidade, cada pessoa que pude ajudar, incentivar, que me ajudou a chegar até aqui e a você que leu esse texto.

Obrigada ❤

esse post foi originalmente escrito no Medium no dia 28/03/2017

Beatriz Uezu

Beatriz Uezu

Software Engineer

comments powered by Disqus
rss facebook twitter github youtube mail spotify lastfm instagram linkedin google google-plus pinterest medium vimeo stackoverflow reddit quora quora